O tempo é um mestre silencioso que dança conforme os nossos passos. Na correria dos dias, com compromissos que se acumulam como nuvens, aprendemos a arte delicada de nos adaptar. E no terreiro, onde a energia pulsa entre as paredes e a ancestralidade vibra nos cantos, o tempo também é nosso aliado.
Ali, entre os atabaques e as guias, descobrimos que a gestão do tempo é mais do que uma questão de minutos; é um convite para mergulhar no agora. Cada consulta, cada palavra, cada gesto se entrelaça na teia do sagrado, nos lembrando que, mesmo na urgência do cotidiano, há sempre espaço para a espiritualidade que nos guia.
Nos terreiros de Umbanda, o tempo não é linear – ele é cíclico, místico, fluido. As giras, as rezas, os cânticos nos ensinam que não corremos contra o tempo; dançamos com ele. E nesse compasso, aprendemos a funcionalidade de cada momento, a utilidade de cada pausa e a sabedoria do silêncio entre os pontos cantados.
Adaptar-se ao tempo é entender que, no terreiro, ele se molda ao chamado das entidades e à necessidade dos filhos e filhas de fé. É permitir que, mesmo entre as demandas da vida moderna, o axé flua sem pressa, com a certeza de que cada segundo traz consigo a força da cura, do acolhimento e da evolução.
Porque no final, não somos nós que dominamos o tempo, mas sim ele que nos oferece, generoso, a oportunidade de viver o que realmente importa, aqui e agora.
Pai Leo de Oxalá
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