A caminhada na religião afro é um caminho de encantamento e respeito, onde cada passo é guiado por mãos invisíveis, ancestrais, que nos conduzem com sabedoria. Orixás, guias e entidades nos envolvem com seu axé, como se estivéssemos sob o olhar atento de uma família espiritual que nos acolhe e ensina.
O encanto se revela no silêncio profundo de uma oferenda depositada à beira do rio, nas folhas sagradas que tocam a pele como carícia, e no vento que traz a presença de Exu, abrindo caminhos. Não há pressa na jornada, pois cada etapa é sagrada. O tempo na religião afro é circular, onde passado, presente e futuro se entrelaçam nas bênçãos de Oxalá e nas lições de Nanã.
Respeitar o processo é reconhecer que tudo tem sua hora: a dor, a cura, a celebração. Aprendemos a escutar as vozes que vêm do mundo invisível, dos terreiros, das matas e dos mares, sabendo que cada entidade caminha ao nosso lado, oferecendo proteção e aconselhamento, sem pressa, mas com precisão.
Na caminhada, o encanto se mistura com o respeito profundo às forças que nos guiam, compreendendo que a vida é uma dança ritual, onde cada movimento tem significado, onde o corpo se torna veículo de energias antigas, que se renovam em cada oferenda, em cada cântico, em cada olhar ao céu estrelado.
É preciso humildade para ouvir, paciência para aprender, e fé para seguir. Cada encontro com uma entidade é como uma conversa íntima com o próprio coração do universo, uma troca de axé que transforma e fortalece. E assim seguimos, encantados e reverentes, construindo nossa história em comunhão com o sagrado, passo a passo, de mãos dadas com o mistério.
Pai Léo de Oxalá
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