
Quando o amor pelo terreiro se despede, é como o pôr do sol tingindo o céu de saudade. Não é o fim, é uma transição, uma dança sutil entre o que já foi e o que ainda vibra dentro de nós. Não se trata de abandono, tampouco de esquecer o que nos fez crescer, mas de reconhecer que ciclos também florescem e se transformam. O tambor que outrora ressoava no peito, agora ecoa em outras frequências, em outros cantos do universo.
O chão sagrado, que já acolheu nossos pés descalços, ainda guarda nossas pegadas, assim como o vento guarda as canções que entoamos. A energia que nos fez vibrar, os ensinamentos que moldaram nossa alma, jamais desaparecem. Estão gravados em cada gesto, em cada palavra, em cada respiro de gratidão.
O amor pode mudar de forma, mas não se dissipa. O terreiro, assim como as raízes profundas de uma árvore, permanece em nós. E, ainda que nossos passos sigam outras estradas, levamos conosco a força da fé, o axé compartilhado, a luz que um dia nos guiou. Pois o que foi verdadeiro não se apaga – apenas se transforma, tal qual as ondas que tocam a praia, retornando ao mar, mas sempre presentes na memória do infinito.
Deixe que o amor respire, que voe livre, sem amarras. E saiba que, onde quer que esteja, o terreiro vive em você, nas entrelinhas de sua história, pulsando como o coração da Terra.
Pai Léo de Oxalá
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